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Enredo da Vila Isabel Para Carnaval 2008
Sinopse do enredo
GRES UNIDOS DE VILA ISABEL – CARNAVAL 2008
PRESIDENTE: WILSON VIEIRA ALVES
VICE-PRESIDENTE: EVANDRO DO NASCIMENTO
PRESIDENTE DE HONRA: MARTINHO JOSÉ FERREIRA (MARTINHO DA VILA)
SUPERINTENDENTE: WILSON DA SILVA ALVES
CARNAVALESCO: ALEX DE SOUZA
DIRETOR DE CARNAVAL: RICARDO FERNANDES
AUTORES DO ENREDO: ALEX VARELA & ALEX DE SOUZA
TÍTULO DO ENREDO: TRABALHADORES DO BRASIL
SINOPSE DO ENREDO
O Brasil, outrora conhecido como Pindorama, foi o paraíso descoberto nos trópicos, terra de fartura, habitada pelos índios. Na chegada, os portugueses puseram os nativos a trabalhar, trocando madeira vermelha por objetos desconhecidos, que fizeram brilhar aqueles olhos ingênuos.
Não satisfeitos, os portugueses resolveram investir em outra atividade, mais rentável, o cultivo da cana-de-açúcar. O indígena vira escravo do trabalho e de uma fé imposta, que ora lhe protege, ora não. O índio se rebela! Utilizaram até de rituais mágicos aos quais os colonos chamaram de “Santidades Nativas” como forma de resistência. Era essa uma das formas de lutar contra a exploração.
Havia aqueles que por seu interesse em traficar negros da África, no lugar de escravizar os índios, criaram o mito de que esses eram preguiçosos, indolentes. Idéia que permaneceu no imaginário popular até os dias de hoje.
Os africanos resistiram ao trabalho forçado, trabalho que ajudou a construir as riquezas dessa terra. Embora seus senhores acreditassem que negro só trabalha debaixo da chibata. Seu espírito guerreiro e suas mais variadas formas de fé, o faz lutar contra os maus tratos. A exemplo dos Malês, que recorrem a Alá para fortalecer seu levante. Outra forma de rebeldia estava na formação de fortalezas, ou quilombos, onde o trabalho não se regia no açoite.
A classe dominante, que acusava índios e negros de preguiçosos, também era acometida do que diziam ser pecado. Acostumados a acreditar que o trabalho não é coisa pra gente de bem. Isso é coisa para pretos... Diziam. Aquarelas e gravuras do período joanino retratavam o cotidiano de mucamas, negros vendedores de flores, frutas, aves, etc. Os brancos eram transportados em redes; liteiras; cadeirinhas. Por muito tempo, o serviço braçal continuaria indigno e somente restrito às classes mais baixas, cujo suor garantiria o bom descanso das elites.
A partir da abertura dos portos às nações amigas, começaram a chegar os primeiros imigrantes. A imigração em massa foi a forma encontrada para substituir o trabalhador negro escravo. Na lavoura de café, trabalham em um regime semi-livre. Na cidade, parte deles ocupa espaço na indústria. A expressão “hoje é dia de branco”, que se refere a um dia de trabalho, surgiu da imagem construída do proletário imigrante, que de forma errada seria supostamente mais dedicado do que o brasileiro.
Os direitos dos trabalhadores, no início do século XX, estavam longe de serem reconhecidos. Movimentos grevistas eram duramente reprimidos. O operário se rebela! Anarquistas e socialistas, que provinham de grupos italianos e espanhóis, organizam movimentos de luta por melhores condições de trabalho.
Enquanto isso no campo, onde por longo tempo predominaram as fazendas de monocultura, o pequeno sitiante ficou a margem. Ali, predominou o trabalho escravo e, mais tarde, o de imigrantes europeus e orientais, deixando o caboclo em segundo plano. Acusado de provocar as queimadas, a “velha praga”, nosso roceiro foi comparado ao Urupê, um fungo parasita. Personificado na figura do Jeca Tatu, o caipira foi descrito como um ser pouco afeito ao trabalho. Mas, a ciência da época revelou os males do Brasil quais são. A negligência das autoridades era culpada pelo abandono da população rural.
Os primeiros movimentos dos trabalhadores urbanos foram passos importantes na realização de muitas conquistas. Ventos sopram do sul e trazem ao poder Vargas, que chamou para si a responsabilidade de criar os direitos trabalhistas, reunidos na CLT, direitos esses conquistados por anos de luta dos trabalhadores. Getúlio se tornou ainda mais popular com o programa de rádio a “Hora do Brasil”e nas comemorações de primeiro de maio (dia do trabalhador). Getúlio cria o trabalhismo, que surge como um braço político-partidário em resposta aos anseios do povo trabalhador.
Nos anos 30 e 40, fez-se a travessia do mundo rural com a migração, sobretudo nordestina, para o urbano e industrial, do centro sul. Desenvolvimento, progresso, palavras de ordem que seguiram seu curso nos dourados anos JK. Em seu programa de metas (50 anos em 5), merece destaque o incentivo à indústria automobilística e a criação de Brasília, cuja construção deveu-se principalmente à força dos chamados candangos, trabalhadores migrantes em sua maioria nordestinos.
No início dos anos sessenta, forças intersindicais reivindicaram melhoria das condições de trabalho. Esse movimento conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Era também o tempo das reformas de base. E, os trabalhadores rurais exigiam reforma agrária. Com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais.
Em 1964, deu-se início aos “anos de chumbo”. Os trabalhadores ainda assim lutaram por melhores condições salariais e pela liberdade de expressão. Maior exemplo dessa rebeldia foi a greve operária do ABCD paulista no ano de 1978. Os metalúrgicos se rebelam, e cruzam os braços. Sua luta abre caminho para a redemocratização do país.
E, hoje revelamos o grande protagonista dessa história feita de lutas e conquistas, história que tem um começo, mas que certamente não tem um fim, já que as lutas continuam. O Brasil conquista seu espaço no mercado internacional, fruto do trabalho de homens e mulheres, que com sua dedicação e determinação, constroem esse imenso país.
Avante trabalhadores do meu Brasil, uni-vos nessa festa!!! Avante Vila Isabel!!! Alegria e paz!!! Que o rufar dos seus tambores sejam alavancas incentivadoras para as futuras conquistas e vitórias do povo brasileiro!!!
Carnavalesco: Alex de Souza
Autores do Enredo: Alex Varela (historiador) & Alex de Souza
Revisão de Texto: Martinho da Vila