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Marcos Manso "Marquinho" Jornalista, Presidente da Associação de Imprensa - AIB Redator-chefe do Jornal Tribuna do Grande Rio Editor da Revista Samba & Turismo Editor do Jornal Folha da Baixada Diretor da Rádio Orkut Tribuna do Grande Rio

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Enredo da Estácio de Sá para Carnaval 2009




Enredo: 'Que chita bacana'

Carnavalesco: Cid Carvalho

Quem me vê assim tão faceira, na festança e na brincadeira de adulto ou de criança nem imagina a distância da terra de onde vim.

Pois então, seu moço, não se espante que vou relatar num instante uma história que sem querer me gabar é bonita pra danar. Eu venho de um tempo e de uma terra muito distante, de uma cultura milenar, fascinante, que fica pra lá da linha do horizonte.

Chamavam de "Índias" a minha terra natal e naquele tempo muitos diziam não haver reino igual.

A fama de tão pródigo lugar não tardou pra se espalhar. Atravessou as areias do deserto, cortou matas, cruzou as águas do mar. Em todo canto e lugar só se ouvia falar daquela terra formosa.
A Europa toda garbosa era um reboliço só. Era rei, era plebeu, era aventureiro, enfim o povo inteiro sem distinção querendo descobrir a localização, o paradeiro de tão abençoado torrão.

Pois foi lá naquelas bandas do Oriente, que buscando fama e fortuna, aquela gente esquisita, estranhamente vestida acabou por me encontrar. Fiquei sabendo depois que eram de Portugal, um pequeno, porém próspero reino europeu. Dizem que a viagem pelo mar foi uma epopéia, uma façanha sem igual; mas afinal, não é a ambição e a ganância maior que o medo ou qualquer distância?

Na verdade o que aqueles homens buscavam eram as famosas especiarias e os tesouros fabulosos, mas posso afirmar, sem receio de mentir ou errar, que nem mesmo os mais gananciosos deixaram de me notar.

Esse encontro, moço, mudou meu destino. Levaram-me pra outros mundos, conheci outros lugares e diante de grande espanto, logo substituído por encanto, desembarquei no Brasil.

Deus meu, como é bonito esse país! Por tudo que já ouvi falar do Paraíso, de mais nenhuma prova preciso. Bastou-me olhar para a imensidão do mar, praquele céu azul anil, se de fato tal lugar existiu, não tem como negar, ele se chama Brasil. Por aqui as riquezas e os tesouros são outros. É tanto bicho, tanta planta, tanta flor que, mesmo sem estar com medo, desespero ou dor, se a gente não se segurar é bem capaz de chorar sim senhor.

Em todo canto encontrei uma festa, uma brincadeira, uma procissão. Uma mão, um abraço, um afago. Um compadre, um irmão. Assim fui mudando um pouco de aparência, ganhei novas estampas, novas cores, fiquei mais alegre, sem, porém perder a inocência. Tornei-me mais tropical, mais debochada eu diria até mesmo marcada com a cara do Brasil.

Aí não teve jeito, meu irmão. Aliás, o jeito foi me fazer presente no sagrado e no profano, sem distinção.

E não me fiz de rogada, entrei na dança, na contra-dança, estampei o vestidinho da sinhazinha de trança, rezei nas novenas com esperança, colori o palhaço, alegrei as crianças.

Enfeitei a nobreza negra em cortejo e até hoje o que mais desejo é levar pra essa gente sofrida, a fé que a vida um dia pode mudar.

Com o tempo me tornei um símbolo, a voz dos oprimidos, dos reprimidos, dos excluídos. Levantei bandeiras, virei rebelde com causa. Protestei, argumentei, buzinei com o Chacrinha, dei troféu abacaxi pra repressão. Sai pra lá, que ninguém vai me prender, não!

Sai pra lá essa vida tão sofrida, essa vida dita dura. Entre em cena um Brasil novamente colorido, estampado, tropical, tropicalista. Que loucura!

E não adianta censurar, porque quando um país, quando um povo quer ninguém consegue segurar.

E assim vencemos! O povo, o país e eu!

É o povo que está novamente no poder. Este povo malandro, bonito, sagaz e maneiro. Que canta e dança, pinta, borda e é feliz.

Que não se envergonha da cara que tem, muito menos de ser tachado de cafona. Aliás, cafona é o sujeito que da sua cultura se envergonha.

Ih! Quase ia me esquecendo, deixe-me apresentar. Todos me conhecem por chita, alguns por chitinha e outros por chitão, mas ninguém se esqueça não que vim lá de longe, mas foi aqui que encontrei meu chão, somente aqui me tornei tão popular a ponto de me transformar em sinônimo do lugar.

Hoje a Estácio de Sá, através das minhas estampas e das minhas cores vem apresentar um pouco da trajetória e da alma do povo deste país. Cantando e batucando, espantando pra bem longe o mal, fazendo arte, brincando carnaval.

Afinal, nós somos é brasileiros acima de tudo e de todos. Estampados, coloridos, listrados e vestidos de chita. Um povo que se agita, que grita para o mundo orgulhoso: eu, eu sou brasileiro seu moço!