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Marcos Manso "Marquinho" Jornalista, Presidente da Associação de Imprensa - AIB Redator-chefe do Jornal Tribuna do Grande Rio Editor da Revista Samba & Turismo Editor do Jornal Folha da Baixada Diretor da Rádio Orkut Tribuna do Grande Rio

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Enredo da Paraíso do Tuiuti 2010

Enredo: 'Sérgio Cabral é Rio, é Carnaval'


Quando pequenino, brincava pelas ruas de Cavalcanti, empinando papagaios coloridos e correndo de pique com os amigos da escola, que naquela época era pública em regime de internato. Infância doce, que recorda com alegria, dos dias felizes pelas ruas de um pacato bairro de zona norte carioca. Essa lembrança tem perfume de saudade, de uma juventude e um doce subúrbio, onde as cervejadas eram nos botecos da esquina, um tempo que guarda pra sempre no seu coração.

O carnaval tinha uma mágica essência e o subúrbio sempre foi o coração do carnaval carioca. Naquele tempo a festa de carnaval tinha uma cor quase aquarela-da, um brilho diferente, como se fosse realmente um sonho. As grandes sociedades traziam as deslumbrantes alegorias, os ranchos, a alegria original.

Tudo era um deleite aos seus olhos, já apaixonados pela festa de Momo. Dedicou-se às escolas de samba, criando um livro em homenagem a elas, desde as mais antigas e tradicionais como "Vizinha Faladeira", "Mangueira", "Portela", "Impé-rio Serrano" e "Salgueiro", até as mais recentes.

Lembra-se com saudade das baianas desfilando nas cordas. Suas saias eram feitas de pano, na cor da escola defendida. As saias eram tão lindas e às vezes até diferentes nas formas e tamanho dos babados, mas quando todas ficavam juntas, pareciam iguais. O som das baterias tocava o verdadeiro samba de terreiro, ver-dadeiras orquestras de percussão comandadas por homens simples, do povo. Po-rém, todos eram mestres! As fantasias ainda eram feitas de forma amadora, com materiais da época, e não seguiam um tema único, mas sempre se reconhecia a escola de samba, por suas cores de tradição. As deslumbrantes damas com as suas sombrinhas coloridas, nobres, reis, rainhas e cavaleiros.

Na frente das escolas de samba, como de costume, vinham os mais antigos, a velha guarda, ou amigos das agremiações que contribuíam de alguma forma para a realização dos desfiles. Era uma época onde o carnaval era realmente popular!

Ele sempre teve um grande carinho pelas agremiações, pois fazia cobertura e reportagens sobre elas para o jornal nos áureos tempos. Aliás, sempre trabalhou muito, desde a época do Diário da Noite, como repórter, redator e cronista em quase todos os jornais do Rio de Janeiro, assim como nas emissoras de televisão da cidade.

Nesse mesmo tempo, andava sempre com seus quatro fiéis escudeiros, Ismael Silva, Cartola, Nélson Cavaquinho e Zé Ketti. Quebrou barreiras de preconceito levando os mestres do samba para palestrar nas universidades inclusive no CPC da UNE. Sempre foi assim, ligava os sambistas à zona sul burguesa, à voz dos morros as casas de show do asfalto.

Dessa forma, junto com parceiros queridos como os amigos Hermínio Bello de Carvalho, Albino Pinheiro, Zé Kéti que era o diretor artístico, e outros tantos sambistas, ajudou a criar e formar uma casa de samba de sucesso, na verdade a primeira casa de samba de sucesso no Rio de Janeiro, o Zicacartola dos saudosos amigos Dona Zica e Cartola. Filas se faziam na porta, para conhecer os grandes lançamentos do samba e da música popular brasileira.

Foi um dos fundadores, em 1966, do atual Teatro Casa Grande, onde atuou como diretor artístico. Bons tempos de grandes shows. Logo depois, em 1969, junto com o cartunista Jaguar e o jornalista Tarso de Castro, criou o Pasquim, com a idéia de substituir o jornal "A carapuça" do então falecido Sérgio Porto. E foi com o Pasquim que surgiram as polêmicas e com elas a repressão policial política e a famosa "caça às bruxas".

Acabou sendo preso por dois meses, pois, como di-ziam na época do Pasquim "eles deixavam à dita cuja meio bamba nos coturnos". O personagem Madame Satã foi resgatado do anonimato pelo Pasquim, era figura sempre lembrada nas reportagens e charges. O sorriso da musa Leila Diniz, aparecia com frequência nas páginas do jornal. Ela que tinha uma beleza inacreditá-vel, mas falava também palavras que viraram bombas na cabeça do governo militar. Ah, quanta saudade! Muitos amigos foram presos e alguns até exilados, mas enfim, tinham que vivenciar tudo isso para contar a história.

No carnaval de rua, os blocos desfilavam pelas ruas da cidade, e o povo se vestia com as mais singelas roupas. Era o palhaço, o clóvis, a cigana, o sheik árabe, a colombina com o arlequim e as vezes até o pierrot. Brincavam juntinhos, entre confetes e serpentinas coloridas que caiam de um céu ingênuo, quase infantil. Os blocos de embalo também faziam um grande carnaval, era sempre a mesma riva-lidade "O bafo da onça" x "O Cacique de Ramos" e tinha o sempre animado "Cordão do Bola Preta". Um concurso escolhia o "folião original", e todos podiam concorrer. Aparecia cada personagem divertido!

Tudo isso ficou guardado na sua mente e hoje é cenário imaginário da sua história. Nas ruas da cidade as decorações ganhavam temas incríveis. Era o "parque de diversões", "o circo", "Debret", na maior parte assinadas pela "Trinca", uma empresa de grandes artistas.

Tornou-se vereador, político de verdade, até Conselheiro do Tribunal de Contas da cidade ele foi.

Nos sassaricos da folia foi levando a vida, "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha" e através das marchinhas de carnaval, que conta junto com Rosa Maria Araújo, um pouco da saga de um Rio de Janeiro que fervia nos salões, nos clubes e casas de shows.

"Eu fui a touradas em Madrid, paratim bum bum bum, paratim bum bum bum. Ala laô ôô , mais que calor ô ô ô. A, e i o u, w, w, na cartilha da Jujú! É a mulata bossa nova, que caiu no hully gully. Linda morena, morena, ai morena que me faz penar. A lua cheia que tanto brilha, não brilha tanto quanto o teu olhar! Mamãe eu quero, mamãe eu quero. Mamãe eu quero mamar! Dá a chupeta, dá a chupeta, ai, dá a chupeta pro bebê não chorar!"

Mas nunca parou de ouvir o telecoteco da sua máquina de escrever. São muitos livros e biografias de admiráveis artistas: Almirante, Pixinguinha, o inacreditável Ari Barroso, a divina Elizeth Cardoso, Tom Jobim, Nara Leão, Grande Otelo e Ataulfo Alves. Hoje todos estão presentes e serão lembrados, pois contar a sua vida é falar deles também.

Dessa forma ele vai contando um pouco da história da nossa música popular bra-sileira. O samba, os chorinhos, os chorões, samba canção, o jongo, lundu e bossa nova; todas as formas e estilos musicais são retratados e contados nos livros que escreve, podendo reviver, grandes momentos e personagens da nossa música!

"Um menino da Mangueira, recebeu pelo Natal, um pandeiro e uma cuíca. Que lhe deu Papai Noel, um mulato sarará, primo irmão de dona Zica. Foi correndo organizar, uma linda bateria, carnaval já vem chegando e tem gente batucando, são meninos da mangueira!" Falava isso com seu amigo Rildo Hora, com quem compôs ainda as músicas "Andando de banda" que virou sucesso na voz do amigo e irmão Martinho da Vila, "Visgo de jaca", "Amigavelmente", "Espraiado", e tantas outras!

Sua paixão cruzmaltina é muito forte, desde criança tem o Vasco como seu clube de coração. Afinal de contas, Rio de Janeiro, chopp gelado, samba, carnaval e futebol combinam com o bom carioca!

Hoje, vividos 72 anos, ele virou enredo de escola de samba, de uma das mais tradicionais da cidade do Rio de Janeiro - o Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti; a mesma escola de samba que viu desfilando jovem e soberana. É a mesma escola que nasceu da fusão de duas escolas um pouco mais antigas, a Unidos do Tuiuti, de cores azul e branco, fundada em 1933 e a Escola de Samba Paraíso das Baianas, fundada em 1940, das quais herdou as suas cores azul e amarelo. Hoje ele é o tema do enredo. Sim, isso mesmo, como nos áureos tempos de temas de enredo, o Paraíso do Tuiuti hoje, apresenta e rende essa linda homenagem.

Assim, no meio desse corre corre danado, de um carnaval grandioso, aonde o sambista desfila entre uma escultura gigantesca de alegorias que andam sozinhas, ele volta novamente para a avenida dos desfiles. Dessa vez, homenageado pela voz do morro da comunidade de São Cristóvão. Que rufem os tamborins, agogôs e pandeiros, pois chegou a hora de ver o sorriso brilhante das pretas baianas acenando pra ele. Hoje ele vai ver o requebrado das cabrochas mulatas, o gingado das passistas formosas e sentir o caloroso aplauso da elegante velha guarda! E tudo isso é para ele! Folião que é, hoje terá o seu verdadeiro "Dia de graça". E como ele sempre gosta de citar um personagem de Lima Barreto do romance Gonzaga de Sá - "Eu vivo no Rio de Janeiro e o Rio de Janeiro vive em mim". Nessa noite de alegria, sob os aplausos do povo carioca, Sérgio Cabral é Rio, é carnaval!