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Marcos Manso "Marquinho" Jornalista, Presidente da Associação de Imprensa - AIB Redator-chefe do Jornal Tribuna do Grande Rio Editor da Revista Samba & Turismo Editor do Jornal Folha da Baixada Diretor da Rádio Orkut Tribuna do Grande Rio

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Enredo da Lins Imperial Para Carnaval 2008

: 'E a cueca caiu no samba'

Calma, minha gente! Não se trata de nenhum ato despudorado, nem sem vergonha, e não precisam tampar os olhos das crianças e das donzelas.... nosso enredo é uma homenagem ao povo Chileno, a esse país amigo e hospitaleiro. Brasil e Chile são verdadeiros irmãos há tempos, apesar de não terem fronteiras, mantêm laços fortes de amizade.

A Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial tem a honra de convidar as senhoras e os senhores para uma encantadora, divertida e rica viagem de conhecimento à cultura desse país da América do Sul, grande parceiro do nosso querido Brasil. Preparem as suas emoções.

Bate forte a nossa bateria e, com os respeitos da nossa ilustre Velha Guarda, pedimos licença às tias baianas para contar um pouco da história e influências do Chile no nosso país.

Começa a viagem

Chile, no idioma aymará, significa “Onde a terra acaba”, e pode-se afirmar que essa é uma, das muitas definições que existem, para o significado desse país. Apresentaremos o nosso enredo em cinco paradas, a origem e formação do povo chileno, os lugares incríveis e fantásticos que nos remotam às histórias de lugares paradisíacos, terras de índios ancestrais e desertos fascinantes. Mostraremos, também, os costumes, a arte e a cultura chilena, com a forte influência dos poetas chilenos no nosso país. Apesar de o Chile ser um dos dois únicos países da América do Sul a não ter fronteiras com o Brasil - o outro é o Equador -, o país mantém relações próximas com os brasileiros, alimentadas por laços históricos e sociais comuns. E por fim a dança nacional chilena La Cueca, momento em que os dançarinos desse país irmão, vão se juntar aos nossos sambistas, mulatas e batedores para fazerem um divertido e colorido carnaval!!

Primeira parada: Minha origem

Vamos que chegou a hora de o povo brasileiro conhecer um pouquinho da formação e da origem desse nosso amigo Chile.Temos as primeiras visões dessa formação. O território atual do Chile, o menos povoado de todo o continente americano, foi habitado por diversos grupos indígenas antes da chegada espanhola. No início, estes estavam organizados em grupos tribais nômades, o que se conhece por sociedade primitiva, evoluindo logo após sua chegada para sociedades aldeãs sedentárias. Antes do século XVI, o Chile, foi habitado por múltiplas e diferentes raças, possivelmente, de origem polinésia e asiática. Suas extensas costas foram povoadas por diversos grupos de pescadores, índios e seus descendentes. Os mais conhecidos desses grupos são os indígenas Araucanos (Picunche e Mapuche), que resistiram ferozmente às incursões de domínio dos espanhóis. Aliás, este grupo guerreiro, mais numeroso que os outros povos nativos, jamais constituiu um estado unitário e viveu em contínua briga com os demais. Recebeu o nome de Araucano dos espanhóis, popularizado por Alonso de Ercilla, com os quais tomou contato em 1557. Embora politicamente dependentes dos Incas do Cuzco, a maioria das culturas nativas chilenas precedeu aos Incas por séculos.

A presença incaica nas artes e cultura populares é explicada, facilmente, levando em conta que a região que vai desde o norte do Chile até o Bio-Bio foi província do poderoso Império Inca. Essas origens serão mostradas no início do enredo. Vamos vislumbrar essa ancestralidade, através de sua arte, suas cores, sua cultura.

O país foi colonizado pela Espanha e o primeiro espanhol que chegou ao Chile com intenções de conquista foi Diego de Almagro, em 1536, depois de uma dramática travessia pela Cordilheira dos Andes, chegando em terras chilenas. O retorno dessa expedição foi tão dramático, ou mais que a chegada, posto que para evitar a Cordilheira, decidiram cruzar o enigmático Deserto de Atacama. Em dezembro de 1540, Pedro de Valdívia, após escutar os relatos de Almagro e encantar-se com a possibilidade de encontrar um verdadeiro paraíso, chega a um vale, onde, em 12 de fevereiro de 1541, fundou a cidade de Santiago, na costa do rio Mapocho, onde iniciou a conquista do território ( Essa história guarda um dos mais lindos romances da colônia espanhola ). O novo reino, nasceu de um ato de amor. A partir desse parada, já sabemos o que vem por ai.....Se segura, meu povo, pois a emoção só está começando... Essa parada é apenas um ato de conhecimento das origens do nosso irmão Chile. Todos prontos para a próxima?

Segunda parada: Lugares incríveis

Respirem fundo nessa aventura, pois, vamos descobrir novos lugares. Deixe sua mente solta e não fique tenso: é hora de nos divertimos com esses incríveis lugares.

Começando pelo magnífico deserto do Atacama, que está localizado na região norte do Chile com cerca de 200 km de extensão; é considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo. Há importantes manifestações de arte rupestre pré-colombianas na região, berço de uma das maiores esculturas de figura humana feita na pré-história, o Gigante do Atacama. O deserto é o lugar na Terra que passou mais tempo sem presenciar chuvas, sendo registrados 400 anos sem indícios de chuva. Quem diria que um local árido, sem chuvas, pudesse nos mostrar belezas naturais tão lindas como o inacreditável Vale da Lua, local cheio de dunas e montanhas, nos fazendo ter a sensação literal de estarmos no satélite natural da Terra!! Além desse lugar lindo, e magnífico, existem, próximo ao deserto, alguns dos mais importantes observatórios ( centro de pesquisas ), com seus telescópios potentes. Lugar em que se observam os mais avançados métodos para pesquisa e os astros, e planetas. Pode-se ver através deles, como as estrelas são formadas e outras curiosidades do universo. Estão à disposição dos pesquisadores e alguns abertos para visitação.

Do Atacama, vamos para Ilha de Páscoa, outro local maravilhoso do Chile. É uma ilha da Polinésia oriental, localizada ao sul do Oceano Pacífico, famosa por suas enormes estátuas de pedra, fazendo parte da V Região de Valparaíso e pertencente ao Chile. Páscoa é uma ilha vulcânica, seu território tem a forma triangular e é o pedaço de terra mais isolado do mundo, no limite da Polinésia Oriental. Sua origem consiste em três vulcões que emergiram do mar, um junto ao outro, em tempos diferentes, nos últimos milhões de anos, e têm estado adormecidos ao longo da história de ocupação da ilha. Os Moais são estátuas esculpidas a partir das pedras do vulcão Rano Raraku, dispostas em diversos santuários que tinham em média 5 estátuas. O maior deles, Paro, tem 22 metros e está inacabado. Deixamos a Ilha de Páscoa perguntando....será que foram seres de outro planeta que fizeram essas esculturas? Tudo é enigmático, e os olhos ficam fascinados com tanta beleza!

No centro do país, as vinhedas, os lagos e vulcões, são parada certa para conferir farta natureza e um bom vinho chileno! Pegue sua taça, não perca tempo, encha com bom vinho...mas tome cuidado para não ficar bêbado, pois ainda temos mais lugares para conhecer!!

Ao Sul nós chegamos a Patagônia, onde se encontram os chamados Andes patagônicos. A região do extremo sul do continente americano, conhecido pelo locais como Região de Magalhães, compreende o sul do Chile e da Argentina. Já, na última região do continente, está a conhecida Terra do Fogo - Tierra del Fuego. Contam que ficou conhecida assim porque os índios que lá viviam, acendiam muitas fogueiras, e os navegantes viam desde o mar, a fumaça e o fogo que saía da terra. Nessa região está localizada a cidade mais austral do planeta, Ushuaia. É de lá que partem as famosas excursões para a Antártida.

Além de leões-marinhos, nessa região existe uma grande concentração de Pingüins, e outros animais que vivem no continente gelado. Um pouco mais ao Sul, já do lado chileno, pontifica o glaciar Grey, no centro de um estonteante desfilar de vales, lagos, rios e montanhas que constituem o Parque Nacional de Torres Del Paine. Criado em 1959 e declarado "Reserva da bioesfera" pela UNESCO, em 1978, é conhecido pelos seus penhascos "Cuernos del Paine", que se elevam a 2.600 metros. Essa parte se destaca pelo encantamento da beleza dos rios... Dizem que é o melhor parque natural de toda a América do Sul.

Os seus 240 mil hectares abrigam mais de uma centena de espécies de aves e duas dezenas de mamíferos, entre os quais pumas, raposas, lebres, veados e guanacos. O Guanaco (da família dos lamas) é um dos animais mais emblemáticos da Patagônia. Desloca-se, geralmente, em manadas de 20 ou 30 indivíduos, mas não é difícil encontrar animais isolados. Nas montanhas e ao largo da costa, avista-se com freqüência o rei dos Andes, o condor, com o seu vôo majestoso e uma envergadura de asa que pode chegar aos três metros. Já nos deixam saudades esses lugares, mas, temos que partir para próxima parada.

Terceira parada: Rica e colorida cultura:

Aparecem vários personagens importantes da rica cultura chilena. Na literatura, encontramos romancistas e poetas, cujas marcas são a sobriedade, o desprezo do excesso histórico e sua expressividade em forma de linguagem. Andrés Bello, pai das letras chilenas, ensinou o Chile a ler, pensar e escrever com um rigor e medida e com acordes no tempo moderado, tranqüilo e austero da alma nacional. Em sua companhia, encontramos Gabriela Mistral, Prêmio Nobel em Literatura. No ano de 1945, ela escreveu os seguintes versos:

"Que felicidade nos proporciona caminhar! A gente se deslumbra com o que vê, o que olha, o que adivinha, o que busca e o que se encontra".

Este verso traduz, de forma poética, a primeira impressão que se tem quando se chega no Chile. Gabriela Mistral foi a primeira latino americana a receber importante prêmio. Já outro expoente das letras chilenas, Vicente Huidobro, rompe com a realidade externa e arrasa com todos os padrões lógicos até então aparentemente acatados. A inspiração fica em liberdade, as palavras emancipam-se e o inconsciente ordena o novo mundo expressivo. Uma profunda angústia, uma sensibilidade sobressaltada e maravilhada, treme sob a acrobática escritura de Huidobro, que irá mostrar sua alta capacidade criadora em seus versos "Altazor" e seu arrebatado dinamismo lírico em "Mio Cid Campeador".

E quem há de esquecer Pablo Neruda, Prêmio Nobel em 1971? Em seu discreto observar, escreveu alguns dos seus mais importantes livros: "Canto General" que o líder guerrilheiro Che Guevara revelou ser seu "livro de cabeceira". A casa onde morou transformou-se num museu e seu túmulo encontra-se nos jardins da residência em Isla Negra (que não é uma ilha, e, sim, uma aldeia tranqüila e isolada, onde o maior literata do Chile morou).

Nas artes plásticas, o encanto da pintura de Roberto Matta, que inspirou grandes artistas americanos e brasileiros. Nela, misturam o surrealismo com arte contemporânea: mais parecia que pintava os próprios sonhos!

Na música somos encantados pela voz de Violeta Parra, cantora que tão bem retratou a vivência do amor por seu país e sua paixão. Victor Jara, foi outro grande cantor, morto na época do golpe militar, de 1973. Victor é lembrado pelo brilhantismo, e por suas músicas em manifesto à liberdade.

Podemos perceber que o Chile é um país de poetas, sejam eles românticos, sonhadores e idealistas. Alguns desses poetas e artistas influenciaram grandes nomes no Brasil, como Ferreira Gular, Jorge Amado, e cantores como Elis Regina, Gilberto Gil e Gal Costa. A ideologia da liberdade de expressão e a cultura das suas raízes sempre foram defendidas por esses artistas. Hoje, tudo isso é fantasia, é matéria de sonhos e a inspiração para o nosso samba!

No artesanato, destacam-se objetos feitos em cobre e greda. Enfeites e vasilhas, são objetos de decoração e ou utilidades como objetos de cozinha. A cerâmica, além dos abundantes e úteis pucos (tigelas), é representada por delicadas vasilhas, jarras em forma de balões, cântaros e xícaras. A figura humana, na cerâmica, apesar de ser apresentada de forma rígida, em diversas cores, é de uma abstração e modernidade assombrosas! Quando essa cerâmica é reproduzida, percebemos que os artistas tentam por captar rasgos essenciais da raça e as emoções humanas.

Existem, ainda, variados produtos confeccionados em lã: mantas, ponchos, etc., compõem sua arte tecelã: é a hora da explosão de cores !! Um arco íris colorido salta para a avenida dos desfiles, para representar toda arte e artesanato do Chile.

O cobre, principal produto de exportação, é apresentado, nessa parada do enredo, fascinante, reluzente: são pratos, colares, brincos e caixas, representando a nobreza do metal. O Chile tem uma tradição mineira de muitas centenas de anos. Mais de 40% das reservas mundiais de cobre encontram-se no Chile. Sua economia é destaque na América latina, sendo o país que mais cresceu nos últimos anos. E esta força tem como pilar a exportação. Os produtos minerais mais importantes são as semi-manufaturas de cobre. Já, na agricultura, destaca-se a exportação de frutas e hortaliças. Na pesca, o sofisticado salmão.

Não podemos deixar de provar um pouco da culinária chilena, que utiliza carne de vaca, frango, peixe e frutos do mar. A parrillada (espécie de churrasco), as empanadas (pastel de forno recheado), as lumitas (que lembram as pamonhas brasileiras) e o caldillo de congrio (sopa feita com enguias) são pratos típicos muito apreciados pelos turistas. Tudo com muita pimenta chilena... Aliás, a pimenta, em muitos lugares do mundo, é conhecida como "chili". O aperitivo mais consumido por aqui é o pisco sour, e tudo é muito saboroso e as cores saltam aos olhos!! Vamos continuar, sambando e cantando a nossa amizade pelo nosso irmão Chile, afinal de contas, ainda faltam duas paradas!!!

Quarta parada: Amigos sem fronteiras:

Onde graçam os laços de amizade entre Brasil e o Chile. Um dos primeiros contatos amigáveis entre os dois países foi na data do último baile do Império Brasileiro, na Ilha Fiscal. Aliás, um fato bem curioso. Foi montada uma enorme festa pelo Imperador. Naquela noite, a Imperador do Brasil, chegou à festa acompanhado da Família Imperial, às 9 da noite. Quando entrava pelo tapete vermelho do palácio da Ilha Fiscal, o Imperador tropeçou. Alguns jornalistas presentes, o seguraram e evitaram que ele sofresse um tombo daqueles! Brincando, ele disse: “A monarquia tropeçou, mas não caiu”. O imperador estava errado.

Seis dias depois da festa, em 15 de novembro de 1889, a monarquia tropeçaria pra valer. Em seu lugar, seria levantada a República. Assim, essa festa oferecida ao Chile se tornaria o “último baile da monarquia no Brasil”. Os dois países jamais esqueceram dessa data que marcou a história brasileira.

Outro fato curioso, que uniu os dois países foi da época que Gabriela Mistral ganhou o Prêmio Nobel, pois as damas da fina flor da sociedade carioca ofereceram, a caráter de empréstimo, jóias e vestidos elegantes para que Gabriela Mistral recebesse o Prêmio Nobel em Estocolmo. Conhecida pela sua delicadeza e simplicidade, aceitou todas as ofertas e ao embarcar para Suécia, cada uma dessas damas recebeu de volta o empréstimo. A poeta usou um simples vestido preto, o famoso vestido preto, da sua propriedade.

Ainda de Gabriela, conta-se que morando em Petrópolis, recebeu a notícia do prêmio e com todos os preparativos que antecediam a uma viagem de vapor e daquele porte, esta chegara atrasada ao cais do RJ. Getúlio Vargas fica sabendo que Gabriela perdera o embarque. O presidente, envia, então, uma ordem para que o navio regresse ao porto para buscar a sua amiga Gabriela Mistral, que, naquele momento, deixaria as terras e águas brasileiras para jamais regressar.

Outros dois grandes amigos foram Vinícius e Neruda. O poeta chileno, quando veio ao Brasil, foi recebido por Vinicius, que o levou a um famoso almoço em Minas Gerais. Antes de tudo, foi colocado à mesa um prato com pimentas, que Neruda, sem saber, tratou de comer inteiro, achando que eram iguais às pimentas chilenas... E ficou vermelho, pois elas eram pimentas ardidas e diferentes. O poetinha Vinicius criou um famoso poema relatando o fato do amigo chileno:

Viagem gastronômica a Belo Horizonte - Vinicius de Moraes

Em Bel'zonte
Levei-te ao restaurante do Tavares
Para onde, como sói
Havia convidado previamente
Esse querido Elói.

Nunca havias provado
Capivara, tatu, paca, veado
A boa caça brasileira
Acompanhada de feijão tropeiro
E lingüiça e torresmo bem torrado
E um molho de pimenta
Perfeitamente ignaro
("Fogo do Inferno", chama-se...)
Que - eu bem te avisei! -
Incendiou-te as vísceras e a cara
Isso depois de umas "caipirinhas"
E, durante cerveja bem gelada.
Dava gosto o prazer e o sofrimento
Com que comias e com que suavas.

Em 1962, o Brasil repetiu o sucesso de 1958 e conquistou o bicampeonato mundial na Copa do Chile, acontecendo outro fato de união entre os dois países. Nessa Copa, houve um novo recorde de inscrições. cinqüenta e seis países se inscreveram para disputar as 14 vagas do Mundial. O Brasil, como país campeão, e o Chile, como anfitrião, estavam automaticamente classificados. Foi no Chile, em 1962, na ponta-direita, que começou a brilhar a genialidade de Garrincha, o craque de pernas tortas. Garrincha aplicava dribles desconcertantes em seus marcadores, abrindo a defesa dos adversários. O Brasil é bicampeão mundial de futebol em terras chilenas, e os chilenos e o mundo conheceram um gênio, "O anjo das pernas tortas" - Garrincha!!

Já estamos preparados para a última parada do nosso enredo - E a cueca caiu no samba:

É uma divertida brincadeira com a famosa dança chilena que deriva da Zambacueca peruana com influências européias, árabes e africanas. Foi introduzida no Chile pelos idos de 1824. Conforme as diferentes regiões em que foi conhecida, adotou suas características próprias, mas por ser a única dança que se manifesta em todo território, tornou-se Baile Nacional. Em geral, além dos passos da dança e movimentos dos lenços, destacam-se a dignidade da mulher e o espírito conquistador do homem, através de seus gestos graciosos, de modéstia e picardia e do espírito conquistador do homem com sua habilidade galanteadora, etc. A dança, em si, nada mais é do que um ato de conquista!

A cueca está presente nos rodeios, nas festividades do campo e também em reuniões sociais populares. Não pode deixar de ser interpretada nas festas nacionais, principalmente, em 18 de setembro, nas organizadas “ramadas”, enfeitadas com bandeiras e grinaldas pelo povo chileno.

Nessa parada, aproveitamos para conhecer outras danças típicas chilenas, o folclore, e a famosa “diablada” ou "La diablada", que é de origem Boliviana, mas é dançada no Chile, em honra à “Virgen de Socavon”.

A dança chegou no Chile através das Diabladas que vieram de Oruro (Bolivia) e festejam a “Virgen del Carmen” e também a “Virgen de la Tirana en Iquique” (Chile). Como na região do Altiplano o folclore é muito parecido, Chile, Bolívia e Peru dançam a diablada, cada um com as suas formas particulares. Venerar a Tirana já é uma grande tradição chilena, ela que era uma índia, que se converteu ao catolicismo apaixonada por um português cristão. Eles foram mortos pelos seguidores da Tirana del Tamarugal, que se sentiram traídos por ela. É uma história de amor muito bonita, que é passada por gerações de famílias chilenas.

No local onde foram enterrados, hoje existe a Igreja da Virgen del Carmen de la Tirana, onde milhares de pessoas anualmente homenageiam a Virgem, pagando suas promessas e agradecendo. Pessoas de distintos lugares transformam a cidade em uma grande festa. Nessa data ( 16 de julho), tudo fica colorido e alegre!

Estamos chegando ao final da nossa última parada. Nesse momento do enredo, pierrots, arlequins e colombinas, personagens típicas do carnaval carioca, tendo à frente o Rei Momo (dono da festa pagã), juntos aos dançarinos chilenos, formam uma só festa!! Dessa forma, a cueca e as danças folclóricas chilenas caem no samba, e os sambistas ficam conhecendo um pouco mais da rica cultura do nossos amigos chilenos.

O desfile de carnaval termina em um grande encontro dos dois países!! É carnaval e as duas nações hoje se festejam. Já vemos a saudade estampada no rosto das nossas mulatas, que hoje sambam em homenagem ao nosso querido vizinho.

Os sambistas e poetas da Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial sentem orgulho de apresentarem a todos que estão assistindo a esse desfile de carnaval a grandiosidade da influência da cultura chilena no nosso Brasil. Vamos deixar a avenida dos desfiles com a certeza de que levamos um pouco mais de cultura e informação ao nosso povo. O Brasil, em sua diversidade cultural, abraça o Chile. Somente o carnaval, através do samba e do enredo, poderia trazer tamanha homenagem para o conhecimento dos nossos sambistas. Hoje, no desfile da Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial, os dois povos estão unidos e não precisam de fronteiras para vivenciar essa amizade.

Salve o carnaval carioca, festa onde todos são iguais: com a força do samba que vem da Cachoeirinha, Gambá, Cotia, Barreira, Encontro, os nossos morros e favelas, e do grande Méier. Salve o carnaval dos países irmãos!

Viva Chile! Salve o povo brasileiro, alegre e festeiro. Salve o Chile nosso grande amigo!!

“Vens da pobreza das casas do sul
das regiões duras com frio e terremoto
Que quando até seus deuses rolaram para morte
nos deram lições da vida na greda*” (*mañana)

.Pablo Neruda