Rio - Em 1948, um grupo de amigos montou um bloco para animar as ruas de Nilópolis. Sessenta carnavais e 11 campeonatos depois, a brincadeira que virou coisa séria e recebeu o nome de Beija-Flor comemora hoje sua ‘melhor idade’ com festa regada a muita cerveja e feijoada na quadra. Nomes que construíram o sucesso da agremiação já confirmaram presença, entre eles Joãosinho Trinta e Neguinho da Beija-Flor, que serão homenageados.

Ainda se recuperando de um câncer no intestino, o intérprete vai pela primeira vez à quadra depois da descoberta da doença, em julho. “Vou ficar umas duas horas, de máscara, mas não poderia deixar de ir. Como diz um samba meu, a Beija-Flor é minha escola, minha vida, meu amor. Se não fosse por ela, eu seria até hoje um neguinho qualquer”, declarou-se Neguinho, que dedicou 25 de seus 59 anos à Azul-e-Branca.

Acompanhando tudo de perto estará um senhorzinho sempre bem-vestido, de lustrosa cabeleira branca, cuja história se confunde com a escola: o presidente do Conselho Deliberativo, Ary José Rodrigues.

Com 75 anos de Nilópolis, ele se orgulha de ter estado no primeiro Carnaval do então Bloco Beija-Flor, segurando as cordas que isolavam a humilde bateria do povo nas ruas: “Naquela época, quem se metia no samba era considerado marginal. Eu participei escondido dos meus pais, com 15 anos, e nunca mais saí. A Beija-Flor é minha vida”.

MUSEU COM AS GLÓRIAS

O sambista de nascença participou de todos os desfiles da Beija-Flor desde sua criação, incluindo os 11 campeonatos: “Graças a Deus eu estive em todos esses carnavais, tenho muito orgulho até daqueles que perdemos”.

Seu Ary é o único fundador ainda vivo que continua presente no dia-a-dia da Beija-Flor. Até o fim de 2009, ele terá outro motivo para comemorar: será inaugurado o Centro de Memórias, dirigido pela porta-bandeira Selminha Sorriso. O museu será apresentado hoje aos 5 mil convidados da festa.

A partir do dia 23, a Cidade do Samba receberá às quintas-feiras, às 21h, o espetáculo ‘A força da Natureza’, dirigido por Carlinhos de Jesus. O ingresso sai a R$ 150, mas moradores do Rio pagam meia.