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Marcos Manso "Marquinho" Jornalista, Presidente da Associação de Imprensa - AIB Redator-chefe do Jornal Tribuna do Grande Rio Editor da Revista Samba & Turismo Editor do Jornal Folha da Baixada Diretor da Rádio Orkut Tribuna do Grande Rio

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Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro


O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro é organizado como uma disputa de campeonato. Há o Grupo Especial, espécie de primeira divisão, e o Grupo de acesso A ,Grupo de acesso B , Grupo de acesso C ,Grupo de acesso D e Grupo de acesso E. Ao longo dos anos os nomes dos grupos, número de escolas participantes e regras de competição foram alteradas.

Os desfiles eram realizados no domingo de carnaval, na Praça Onze. Em 1942, com as obras da avenida Presidente Vargas, o desfile mudou de local. Em 1945 foi realizado no Estádio de São Januário. A partir de 1947 na avenida Presidente Vargas. A partir de 1952 são montadas arquibancadas para o público assistir aos desfiles. Em 1961 os desfiles passam a ser um evento com cobrança de ingresso do público. Em 1974, devido às obras do metrô, foi realizado na avenida Presidente Antônio Carlos. Em 1978 ocorre a mudança para a rua Marquês de Sapucaí. Em 1983, o então governador, Brizola encomendou a Oscar Niemeyer o projeto de um local definitivo para os desfiles, já que até então as arquibancadas eram montadas na época do carnaval e depois desmontadas.

O local escolhido foi a própria Marquês de Sapucaí, que passou a ser usada exclusivamente para o desfile, ficando fechada para o tráfego. Foi inaugurada em 2 de março de 1984 e passou a ser conhecido popularmente como 'Sambódromo', embora seu nome oficial fosse Passarela do Samba. No primeiro ano de desfile na nova passarela, havia uma modificação nos desfiles, que no final da passarela, em forma de praça, deveriam conter uma 'apoteose'. O local, de fato, ficou conhecido como praça da apoteose. Essa prática foi abandonada nos anos seguintes, e essa praça é usada hoje para eventos de música.

Em 18 de fevereiro de 1997 o nome foi mudado para Passarela Professor Darcy Ribeiro, em homenagem ao idealizador do projeto. O nome popular 'Sambódromo' prevaleceu, no entanto.

Porém o número de escolas aumentou e o número de participantes em cada escola também, o que tornou o desfile mais longo e cansativo para o público. Assim, em 1984 o desfile passou a ser realizado em dois dias: domingo e segunda-feira. Inicialmente foram proclamadas as campeãs de cada desfile e a supercampeã, num resultado geral do desfile das campeãs, realizado no sábado seguinte aos desfiles. Porém essa prática não teve sucesso.

O desfile do Grupo Especial e dos Grupo A , B acontecem no Sambódromo. Já os desfiles dos Grupos C, D e E acontecem na Estrada Intendente Magalhães onde são montadas arquibancadas para o público. Os desfiles dos campeonatos de blocos acontecem no Boulevard 28 de Setembro , Avenida Rio Branco , Bonsucesso e na própia Intendente Magalhães.

As escolas do Grupo Especial fazem o desfile da LIESA em dois dias de desfile (domingo e segunda-feira). O desfile do Grupo A acontece no sábado anterior. Os demais grupos são organizados pela AESCRJ . Na sexta-feira acontece o desfile das escolas de samba mirins, organizada pela Aesm-RIO e existem também o desfile dos blocos de enredo,organi zados pela Federação dos Blocos.

O resultados saem na quarta-feira de cinzas; declara-se a campeã e 1 escola que será rebaixada para o Grupo de Acesso. As seis melhores colocadas, voltam à Marquês de Sapucaí no sábado seguinte para o Desfile das Campeãs. Da mesma forma nos Grupos de Acesso, declara-se a campeã (a primeira sobe para o grupo imediatamente superior) e as 2 rebaixadas.

Cada escola tem um tempo de desfile que pode variar de 80 minutos paras as do grupo especial, que chega a ter 5000 componentes, a 30 minutos que é o caso das escolas menores dos grupos D e E, que não chega a reunir 300 componentes.


As escolas tem seus componentes divididos em grupos ou alas, e cada ala tem a mesma fantasia, dentro do enredo trazido, uma bateria que são os ritmistas que tocam os instrumentos de percurssão, uma ala de baianas, figura tradicional do carnaval carioca, ala de crianças, uma comissão de frente, formado por 15 pessoas em média que vem na frente da escola, em geral com uma apresentação teatral ou coreográfica, as alegorias, que são os carros alegóricos, onde estão os destaques, figuras centrais do enredo, os passistas que são os componentes que desfilam "sambando no pé", já que as alas evoluem e não sambam, algumas apresentam coreografias ensaiadas, e atualmente os componentes dos carros também podem apresentar coreografias, os diretores de harmonia, que são elementos responsáveis pela organização do desfile, o casal de mestre sala e porta bandeira, responsáveis pela condução do pavilhão da escola, se apresentam ricamente trajados e bailando, sendo que todos os componentes cantam o samba enredo em uníssono, liderados pelo cantor oficial da escola, o "puxador".

Anos 20

Nos anos 20, os ranchos eram a maior atração do carnaval de rua, desfilavam na av. Rio Branco, e seus componentes eram oriundos da classe média, já a população mais pobre que não desfilava nos ranchos devido ao custo alto das fantasias, saía nos blocos e nos cordões, formada por negros oriundos da Bahia que moravam na região da Saúde, e se apresentavam principalmente na Praça Onze e arredores, ao som da batucada, um ritmo de origem africana, com elementos do candomblé. Nessa época surgem os "blocos de sujo", que saíam durante o dia, esse nome se deve ao fato de que os integrantes iam direto do trabalho para o bloco sem tomar banho, os componentes usavam fantasias improvisadas, feitas de lençóis, e com máscaras parecendo caveiras (denominados clóvis), e os blocos de sujo possuiam na abertura do desfile um grupo de folões com máscaras de rosto de idosos, chamava-se cordões de velhos, isso seria o embrião das comissões de frente das futuras escolas de samba.

Muitos homens se vestiam de mulher e mulheres de homem, e essa tradição de inversão de papéis sexuais no carnaval daria origem anos mais tarde ao bloco das piranhas, em que homens se apresentam vestido de mulher, ainda comum nos dias de hoje no carnaval dos subúrbios carioca.

As agremiações começam a se organizar. No Estácio, bairro próximo ao Centro do Rio de Janeiro, considerado o berço das escolas de samba, surge o União Faz a Força, cujas cores vermelha e branca era uma alusão ao América Futebol Clube, fazendo parte do União figuras da cultura popular como: Bide, Ismael Silva e Newton Bastos.

A batucada era acompanhado por instrumentos de percussão muitos oriundos da África e de seus ritos religiosos como o candomblé, sendo que muitos instrumentos eram improvisados de utensílios domésticos como o prato, frigideira e faca, até hoje usados nas baterias das escolas de samba, e também se usava instrumentos de corda como cavaquinho e violão, e também outros como chocalho e pandeiro.

Em 1928, o União daria origem ao Deixa Falar, cujas reuniões ocorriam em frente à Escola Normal (que hoje encontra-se na rua Mariz e Barros, na Tijuca),daí o batismo da nova agremiação como Escola de Samba. Hoje, a Deixa Falar é considerada a primeira escola de samba, apesar de haver dúvidas se ela realmente foi uma escola ou uma agremiação carnavalesca.

O samba, que na época já era um ritmo musical muito popular ganhava cada vez mais espaço nos salões de dança e no próprio carnaval, principalmente a partir de 1917, quando Donga registra na Biblioteca Nacional o samba Pelo telefone, sendo o primeiro samba gravado da história.

Porém na época, o samba se parecia com o maxixe, que era um ritmo muito popular naquela época. O grupo da Deixa Falar cria um novo formato de samba inventando um novo instrumento de percussão, o surdo de marcação, de autoria de Bide, que aproveitou um latão de manteiga de 20 kg, abriu os dois lados da lata, cobriu com um pedaço de papel de saco de cimento levemente aquecido e umidecido, preso por um grosso arame. Surgia o surdo de marcação que viria a ser o principal instumento de marcação das baterias. Esse episódio foi apresentado por Rosa Magalhães em 1982, no inesquecível desfile da Império Serrano Bumbum paticumbum Prugurundum.

Foi Bide também que modificou a estrutura dos sambas que até então tinha uma letra improvisada, sendo que só o refrão era fixo, a partir dessa época o samba passa a ter a sua segunda parte composta.

No final dos anos 20 o carnaval popular se expandia por outras áreas da cidade, como o morro da Mangueira e seus arredores, onde apereciam blocos e cordões, revelando artistas como Cartola e Carlos Cachaça, dentre outros, com agremiações oriundas do entrudo, como as Guerreiros da Montanha e Trunfos da Mangueira, muitos deles eram rivais sendo comum as brigas entre seus componentes. Foi em 1925 que Carlos Cachaça cria o Bloco dos Arengueiros que daria origem em 1929, Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, formada pela união dos Arengueiros com os vários blocos e cordões locais. Seu primeiro desfile ocorre em 1930. Cartola é o responável pela escolha da cores verde e rosa para o pavilhão da escola e o cantor Sílvio Caldas, amigo de Cartola, manda aprimorar o surdo de marcação, com corpo de madeira e usa couro de cabrito, dando de presente para a Estação Primeira de Mangueira, a figura do surdo se torna o símbolo da agremiação, e a bateria da escola se torna inconfundível por ser a única a tocar o surdo de marcação sem resposta, característica herdada dessa época.

Em outra regiões da cidade as agremiações se organizam, como a Vai como Pode do subúrbio de Oswaldo Cruz, fundada em 1923 pelo sambista Paulo da Portela, que ainda na década de 30 passaria a se chamar Portela, nome da estrada em que se localizava sua sede. Na Tijuca, zona norte da cidade surge em 1931 a Unidos da Tijuca e em 1933, na região portuária da Gamboa, a Vizinha Faladeira, que iria ser responsável pela introdução do luxo nos desfiles das escolas de samba. Como a maioria dos sambistas eram negros e das camadas sociais mais populares, boa parte das escolas de samba se originaram dos morros cariocas, onde em geral moravam.

Anos 30 aos 50

Nos primeiros anos da década de 30, os desfiles da escolas de samba eram desorganizados; ainda não havia horário, intinerário, disputa ou premiação. Antes de 1935, o importante era que os grupos passassem pela Praça Onze e pelas casas das tias baianas, respeitadas como as mães do samba e do carnaval popular, principalmente Tia Ciata, a mais famosa e respeitada de todas elas, representadas até hoje nos desfiles pela ala das baianas das escolas.

O responsável por essa organização foi Zé Espinguela, da Mangueira. O sucesso dos desfiles na Praça Onze atraiu patrocínio de jornais da época, começando a cobertura jornalística dos desfiles. Já em 1935, Pedro Ernesto, prefeito do Rio de Janeiro, legaliza as escolas e oficializa os desfiles de rua, criando a sigla GRES (Grêmio Recreativo Escola de Samba) usadas pela maioria das agremiações. A primeira campeã foi a Estação Primeira de Mangueira, que até o final da década de 40 se revezava nos primeiros lugares com a Portela, cores azul e branco.

As escolas passaram a ter regulamento para os desfiles, como a que exigia temas de enredo que contassem a História do Brasil. Essa exigência alterou as estruturas dos sambas-enredo, que começaram a apresentar letras enormes, descritivas, praticamente contando a história do episódio retratado e muitas vezes com equívocos e contradições. Surgiu daí a expressão samba do crioulo doido, uma alusão às gafes nas letras e aos compositores, que em geral eram negros e - na maioria das vezes - analfabetos. Décadas mais tarde, Stanislaw Ponte Preta, imortalizaria a expressão em canção que ficou muito famosa.

Com a demolição da Praça Onze para a recém inaugurada avenida Presidente Vargas, no início dos anos 40, os desfiles cresciam em tamanho e importância, superando os ranchos e as grandes sociedades carnavalescas e criando uma nova cultura do samba.

Com a oficialização das escolas, os sambistas de todas as regiões da cidade, e de pequenos municípios vizinhos organizaram novos grupos em suas comunidades aumentando o número de escolas, como a Prazer da Serrinha de Vaz Lobo, que em 1947 daria origem a Império Serrano, escola que iria quebrar a hegemonia da Mangueira e da Portela.

Nos primeiros anos de desfiles o público se aglomerava nas calçadas para ver o desfile, enquanto autoridades e jurados viam o desfile em pequenos palanques de madeira, especialmente instalados para a ocasião. Em pouco tempo os espectadores traziam caixotes de madeira nos quais subiam para obter uma visão melhor do espetáculo. Por sua vez, a Prefeitura passou a instalar tablados rudimentares de madeira, com degraus de onde se podia assistir ao desfile em pé. A medida foi insuficiente para o público crescente e logo a prefeitura começou a instalar arquibancadas.

Nos primeiros anos a classe média não se interessava pelos desfiles, começando a se chegar em meados dos anos 40. Por sua vez, a Prefeitura passou a cobrar ingressos para o desfile e os que não podiam pagar aglomeravam-se nos locais de concentração e dispersão das escolas. Ao mesmo tempo, melhorava a organização, com a construção de barracões com chão de terra batida para seus ensaios (quadras). Cresciam também em número de integrantes, o que levou o surgimento das alas, que tinham estatuto e presidente próprios.

Entre o final dos anos 40 e anos 50, os desfiles revelavam as primeiras estrelas das escolas, como mestres-sala e porta-bandeiras que criavam coreografias especiais para o desfile e que passaram a ser reconhecidos pelo público, como as porta-bandeiras Mocinha e Neide da Estação Primeira de Mangueira, Vilma na Portela e o mestre-sala Bicho Novo, do Estácio de Sá. As cabrochas, que eram as passistas que sambavam no pé, encantavam o público pela sua arte e beleza. Algumas ganharam fama, como Paula e Narcisa da Acadêmicos do Salgueiro e Maria Lata d'Água, da Portela, que sambava carregando um latão de banha cheio de água na cabeça, mostrando a marca do bom-humor carioca em lidar com as vicissitudes - já que a maioria dos componentes das escolas eram oriundos dos morros cariocas, onde não havia água canalizada na época, obrigando os sambistas a subir as ladeiras com latas de água nas cabeças para abastecer seus barracos. Nos barracões das escolas funcionavam oficinas em que se criavam alegorias em "papel carne-seca" (técnica adaptada do machê francês) e fantasias, que se tornavam melhores a cada ano, usando as cores das escolas que, por sua vez, arregimentavam torcedores tão entusiastas quanto as dos times de futebol.

Em 1954 a união de três escolas de samba do Morro do Salgueiro na Tijuca, zona norte do Rio, faz surgir a Acadêmicos do Salgueiro, escola que iria trazer mudanças profundas nos desfiles. Foi a primeira escola a fazer enredos que colocassem os negros em destaque e não na figuração, como em 1957 com Navio Negreiro e o desfile, que até então era confeccionado por pessoas da própria comunidade, passa a ser de responsabilidade de artistas plásticos. Surge então a figura do carnavalesco, em enredo sob a batuta dos artistas plásticos Dirceu Nery e Marie Louise Nery da Escola Nacional de Belas Artes, a Acadêmicos do Salgueiro traz em 1959 o enredo Viagens pitorescas do Brasil - Debret, que obteve o vice campeonato, abolindo nesse desfile as cordas laterais que distanciavam o público de seus desfiles, dentre os jurados desse ano estava o Professor Fernando Pamplona, da Escola Nacional de Belas Artes, que empolgado com o desfile iria a partir daquele ano ser a principal figura de transformação da estética dos desfiles, trazendo para o Acadêmicos do Salgueiro um grupo de profissionais que iria redefinir a estética do carnaval, que foram: Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Lícia Lacerda, dentre outros.

Anos 60

Mas as escolas não só sobreviveram à demolição da Praça Onze como irá ver nos anos 60 sua ascensão definitiva. Os desfiles passaram a render dinheiro e prestígio para muita gente. Os ingressos passam a ser muito procurados. As grandes torcidas faziam festa nos desfiles, muitas vezes levando sua escola ao campeonato.

A alta sociedade carioca e os mais famosos artistas da época passaram a prestigiar os desfiles. A integração de pessoas das camadas sociais mais abastadas nos desfiles teve seu início no desfile da Estação Primeira de Mangueira: Conhecida como "Gigi da Mangueira", uma jovem pertencente a tradicional família da alta sociedade, se tornou a primeira passista de fora da comunidade da escola. Do Acadêmicos do Salgueiro, Isabel Valença foi a primeira cidadã afro-brasileira a concorrer no baile mais luxuoso da cidade, o baile de carnaval do Teatro Municipal, disputando e vencendo o concurso de fantasias que acontecia durante o baile, numa belíssima representação de Chica da Silva, enredo da escola em 1963, em um desfile memorável, a vermelho e branco da Tijuca revoluciona o carnaval com um samba enredo diferente, onde a letra ao contrário do que se fazia, era bem cuidada, sucinta e com grande fidelidade aos fatos históricos, e nesse desfile apresentou inovações como ala de passo marcado dançando o minueto, ensaiados pela coreógrafa do Teatro Municipal, Mercedes Baptista, uma obra prima dos artistas Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, que iriam homenagear em anos seguintes, personagens esquecidos de história do Brasil como: Zumbi dos Palmares, Chico Rei e Dona Beija, mudando a estética dos enredos que até então exaltavam a história oficial, um estupendo sucesso que causou a indignação dos sambistas conhecidos como "puristas" que acreditavam que essas inovações iriam acabar com o samba. As escolas de samba colaboraram de certo modo para integrar as diferentes camadas sociais, nos anos seguintes as escolas saiam da exclusividade de suas comunidades e abriam espaços para pessoas de fora, o que iria ser um fator que nos anos seguintes levariam a ser o super espetáculo a qual se tornou.

Anos 70 - As escolas de samba agigantam-se

O crescimento vertiginoso das escolas de samba trouxe muitos e novos problemas para os desfiles, faltava disciplina e organização que causava enormes atrasos, criando intervalos de horas entre a passagem das escolas; em 1975 o desfile, que deveria terminar ao amanhecer do dia seguinte, atravessava a manhã, indo terminar sob o calor de 40o as 14 horas do dia seguinte em pleno verão carioca, deixando seus integrantes e público cansados com as muitas horas de duração. Nessa época era comum que o público saísse sambando atrás da escola que desfilava por último, a Mocidade Independente de Padre Miguel, que possuía a mais famosa bateria, sob a regência de Mestre André, tornou-se tradicional, introduziu as "paradinhas", que consistiam em dado momento os ritmistas pararem de tocar os instrumentos por alguns segundos, e depois retomando o ritmo em plena harmonia com o canto, o que causava grande efeito e levava o público ao delírio.

Os equipamentos de som aindam eram precários e, criando sérios problemas na harmonia dos desfiles, o eco criado pelo corredor de edifícios da avenida fazia com que as escolas maiores "atravessassem" o samba (quando acontece de uma parte da escola está cantando uma parte do samba e a outra parte um trecho diferente), perdendo pontos na apuração dos resultados, algumas vezes as luzes se apagavam no meio dos desfiles.

As falhas técnicas durante os desfiles passaram a ser a causa de polêmicas nas apurações, escolas como a Portela, já reunia naquele tempo, dois mil componentes.

E nos anos 70, as emissoras de rádio e televisão transmitiam os desfiles obtendo grande receita mas sem benificiar as escolas, agências de turismo, começavam a vender "pacotes de carnaval" para brasileiros e estrangeiros incluiam ingressos para os desfiles das escolas.

Os sambas-enredo, que até os anos 60 eram cantados só na avenida, passaram a ser gravados em LPs que sempre alcançavam grandes vendagens, fato que repercutiu diretamente nas quadras das escolas. A escolha do samba-enredo que, até então, eram pacíficas, começou a despertar interesse do público e virou motivo de sérias disputas na alas de compositores, que recebiam parte do lucro pelas vendagens dos discos.

As arquibancadas eram montadas e desmontadas todos anos só nos anos 80 foi erguido o Sambódromo, local definitivo para os desfiles, cujo modelo foi copiado por cidades de todo Brasil.

Os anos 70 marcaram, também, a ascensão definitiva da figura do carnavalesco. A estética, a criatividade e o esmero na confecção de fantasias, adereços e alegorias passaram a valer pontos decisivos na hora da apuração do concurso, além de causar verdadeiro deslumbramento durante os desfiles. Destacando-se entre vários talentosos, Joãozinho Trinta, aluno de Fernando Pamplona, que se destacava pelo talento e temperamento polêmico, trabalhou no Acadêmicos do Salgueiro onde fora bicampeão, com um enredo que falava das minas do Rei Salomão, que na época recebeu acusações das outras escolas de contrariar o regulamento, já que proibia temas que não fossem brasileiros, mas que na versão do carnavalesco baseada em lendas, o Rei Salomão teria navegado em galeras da Fenícia até o Amazonas muitos séculos antes de Cabral, nesse desfile de forte impacto, viam-se elementos nunca mostrados, uma comissão de frente formado por bigas e símbolos fenícios, com todos os destaques sobre os carros alegóricos (até então os destaques vinham no chão) e como a escola desfilou de dia, ele substitui materiais como lamê e paetê, por espelhos, que causou forte impacto visual, mas apesar do sucesso, Joãozinho Trinta se transfere para a então desconhecida Beija Flor, que era uma pequena escola do Município de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e traz um memóravel carnaval em 1975, homenageando o jogo do bicho, episódio que também foi polêmico, afinal o jogo era proibido e considerado contravensão, seus críticos o acusaram de fazer apologia ao crime, mas a grandiosidade do espetáculo lhe valeu a fama de mago do carnaval. A superioridade dos desfiles da escola de Nilópolis, causou reações e críticas contra o chamado luxo excessivo, Joãosinho Trinta respondeu aos críticos com uma frase que se tornou antológica:

Pobre gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual.

Por outro lado, em 1975, um grupo de descontentes da Portela liderado pelo compositor Candeia, funda a escola de samba Quilombo, que tem como proposta manter as tradições das escolas de samba, rejeitando essa estética acadêmica, valorizando a cultura negra, em seu documento que estabelecia os objetivos da agremiação afirmava "Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo"... Candeia morre em 1978 e a Quilombo desfilou até 2002. No início dos anos 80 o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro já era uma instituição nacional e na maior fonte de captação de dólares do setor de turismo. Em 1982, Leonel Brizola para o governo estadual, e Darcy Ribeiro, vice-governador, que teve a idéia de criar um espaço fixo e definitivo para o desfile de carnaval, devido a importância cultural do evento e acabar com a montagem das arquibancadas todos os anos.

Encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer projeto que aumentasse em cinco vezes a capacidade do público e que durante o ano pudesse abrigar escolas públicas e ainda tivesse um espaço para o Museu do Carnaval, para a preservação da história do carnaval.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia a direção das escolas de samba resolveu organizar os desfiles e criou a LIESA – Liga Independente das Escolas de Samba em 1984, formada por dez escolas do grupo 1, que rompiam com a Associação das escolas de samba, já que nas assembléias tinham o mesmo peso das chamadas escolas menores. A Liga divide o desfile das grandes escolas em dois dias (domingo e segunda feira de carnaval), fez contrato com emissoras de televisão que começaram a pagar pela transmissão dos desfiles, instituiu o merchandising e passou a receber porcentagem na venda dos ingressos. Com o novo rendimento, modernizou as quadras das escolas que com boas instalações e passaram a ter faturamento durante o ano todo.




Mestres-sala e porta-bandeiras, diretores de bateria e harmonia, puxadores, carnavalescos – passaram a ser renumerados pelo seu trabalho, os desfilantes de hoje não são apenas componentes das escolas, mas muitos turístas brasileiros e estrangeiros, e a grande exposição na mídia é procurada por celebridades que usam a grande audiência para se promoverem.

No final dos anos 80 as escolas de samba do Rio de Janeiro estavam profissionalizadas com uma movimentação superior a 100 milhões de dólares, gerando cerca de 30 mil empregos na cidade além de uma estrutura de criação de uma rede de micro e pequenas empresas de apoio ao carnaval.

As comunidades das escolas se beneficiam desse crescimento, com rendimentos e a organização dentro de suas quadras, possibilitaram a criação de serviços de assistência, cursos profissionalizantes, à prática de esportes e muitas outras atividades sociais que ocorrem em várias agremiações, exemplo disso é a Vila Olímpica da Mangueira que tem como ponto alto um projeto de esportes, que tem revelado atletas olímpicos. Joãosinho Trinta recebia críticas de que a Beija Flor era um luxo e Nilópolis um lixo, então cria o Projeto Mutirão, que visa a melhoria de qualidade de vida no pequeno município da Baixada Fluminense, com ações envolvendo a população e prefeitura, em alguns anos, Nilópolis se torna o município com os melhores indicadores sociais da baixada.

Os desfiles ganham fama mundial, com organização, com horário controlado com rigor e raros incidentes, contam hoje com moderno sistema de som, que impede o atravessamento do samba e sistema de iluminação que valoriza a cenografia do desfile, existem hoje dezenas de escolas de samba espalhadas por diversos países. Nos dois dias de desfile das principais escolas, desfilando pela passarela cerca de 100 mil figurantes, transmitido para vários países com uma audiência de cerca de 2 bilhões.

As escolas passam a reunir uma média de 3 a 5 mil componentes, os carros alegóricos cada vez maiores e com muitos efeitos, surgem novas escolas que se somam as mais tradicionais, Joãosinho Trinta continua a brilhar e seu estilo é seguido por outros artistas, no final dos anos 80 as escolas ficam muito parecidas, apresentando fantasias cada vez mais luxuosas e grandes carros alegóricos, mas o próprio Joãosinho Trinta radicaliza ao trazer em 1989 na Beija-Flor de Nilópolis uma nova polêmica, um enredo chamado Ratos e urubús larguem minha fantasia, ele fala do lixo que se torna luxo e o forte impacto causada pela escola conhecida pelo luxo, com uma comissão de frente formado de mendigos e com muitas alas e alegorias esfarrapadas, causou perplexidade, um dos momentos mais inesquecíveis do carnaval carioca. No abre alas uma escultura coberta por sacos de lixo escondia um Cristo Redentor, que fora proibido pela Igreja Católica, uma imagem forte até hoje relembrada.


Imperatriz Leopoldinense, carnaval 1999. Primeira tri-campeã do Sambódromo a escola se orgulha de seus desfiles ao mesmo tempo originias e luxuosos, característicos de seus principais carnavalescos, como Arlindo Rodrigues, Max Lopes, Viriato Ferreira e Rosa Magalhães

Outros nomes se firmam no cenário do carnaval, mas quase sempre oriundos da Escola Nacional de Belas Artes, discípulos de Fernando Pamplona, como Max Lopes, considerado o mago das cores, Renato Lage com seu inconfudível 'estilo Spielberg", adepto de efeitos em luz e neon, marcou época na Mocidade Independente de Padre Miguel onde conquistou títulos, Rosa Magalhães que se notabilizou pelo seu estilo que alia ousadia moderna e luxo barroco, apresentado na Imperatriz Leopoldinense, várias vezes campeã, são os maiores destaques dessa época.

A estrutura majestosa do Sambódromo com suas arquibancadas muito altas e distantes da pista de desfiles, recebiam críticas de não permitir a interação do público com as escolas, mas isso acaba se superando e vemos desfiles apoteóticos com intensa participação do público como os campeonatos conquistados pela Unidos de Vila Isabel em 1988 com o inesquecível Kizomba - festa da raça, um dos mais belos samba enredo da história do carnaval, em 1992 a Estácio de Sá com Paulicéia desvairada, 70 anos de Modernismo no Brasil o público das arquibancadas moveu-se no ritmo de sua marcante bateria, em 1993 a Acadêmicos do Salgueiro com o memorável Peguei um ita no norte leva o público ao delírio com o clássico refrão Explode coração, em 1997 a Unidos do Viradouro com Trevas ! Luz! A explosão do universo de Joãosinho Trinta, faz o delírio do público ao introduzir na bateria elementos do ritmo funk.

[editar] Anos 2000

O desfile das escolas de samba entra no século XXI, como o maior espetáculo do planeta, seja em número de participantes ou como receita, e apesar de algumas previsões pessimistas de que as escolas haviam saturado, os desfiles se renovam, a Beija-Flor de Nilópolis que tanto efetivou o conceito de carnavalesco, substituiu esse personagem por uma comissão de carnaval, que consiste numa divisão de tarefas, num processo de criação coletiva e associada, obtendo sucesso com seus desfiles, seguido por outras agremiações. Paulo Barros , surpreende em 2004 na até então "escola média" Unidos da Tijuca, com uma estética diferente usando materiais alternativos e baratos de enorme efeito, valorizando os componentes, como o uso de alegorias vivas, como o já lendário carro do DNA, e em 2005, de novo surpreende se tornando o mais novo destaque dessa arte que vive se reinventando. Em 2007, já na Unidos do Viradouro, inova novamente com a bateria subindo em um carro alegorico em pleno desfile.


A partir de 2006 o Carnaval do Rio de Janeiro conta com um novo atrativo. É a Cidade do Samba. Construída próxima ao Sambódromo da Rua Marquês de Sapucaí, a Cidade do Samba reúne os barracões das principais escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro e já provoca mudanças na estrutura do carnaval carioca.

Leitura recomendada

  • ARAÚJO, Hiram. Carnaval: seis milênios de história. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.
  • AUGRAS, Monique. O Brasil do samba-enredo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
  • CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.
  • COUTINHO, Eduardo Granja. Os cronistas de Momo: imprensa e carnaval na Primeira República. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006.
  • CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da folia: uma história social do carnaval carioca entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
  • FERREIRA, Felipe. Inventando carnavais: o surgimento do carnaval carioca no século XIX e outras questões carnavalescas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
  • MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.
  • PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. O Carnaval das letras. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1994.
  • QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Carnaval brasileiro: o vivido e o mito. São Paulo: Brasiliense, 1992.
  • SOIHET, Rachel. A subversão pelo riso: estudos sobre o carnaval carioca da Belle Époque ao tempo de Vargas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.